Dia mais esperado e aclamado pelos estudantes que estavam no VER-SUS. Neste dia iriamos conhecer melhor o complexo e alguns alunos iriam acompanhar um agente de saúde no seu dia de trabalho, subindo e conhecendo a comunidade.
Eu fui um dos que não acompanhei o combate contra a denge na comunidade da clínica Hans Dohman, então acompanhei a ida na comunidade. Neste dia de trabalho com a o agente de saúde Walter, fomos fazer a contagem das casas que existiam dentro de uma micro-área.

Foi um passeio muito marcante para mim. Desde o começo quando fomos fazer a contagem das moradias compreendi por que a rocinha possui tantos moradores,pois em um prédio com 6 janelas o agente de saúde imagina que tem 6 apartamentos de frente e 6 de fundo. Após fazer a previsão, entramos e vimos que existiam 12 apartamentos, mais 20 apartamentos na parte de trás do prédio. Consegui ver a realidade e a tensão de subir o morro que nem mesmo os filmes conseguem demonstrar. Me senti “preso em uma gaiola” pelos corredores estreitos por onde andei, completamente deslocado do meu mundo e da realidade que vivo ou como imaginava que seria. Pensei que seria apenas mais uma experiência, dentro de tantas vividas dentro do VER-SUS, mas vi que mesmo estanto cara a cara com uma realidade complexa, difícil, ali moram pessoas que necessitam de cuidados e de saúde.
Vi locais inapropriados para moradia, lembrando o “Beco da Mijança”. Nos locais que visitei não existe saneamento básico, moradias encrustadas nas rochas vivendo na total umidade e mofo. Morar no morro não é tão simples assim como muitas pessoas acham, mas ao mesmo tempo, vi a maioria das casas com ar condicionado, telefone e televisão, junto aos postes que se apresentavam com 50 cabos pendurados, sendo que estes postes tem a possibilidade de manter 10 fios com segurança.
Me preocupo como até onde esse morro poderá aguentar a construção de novas casas e a quantidade de pessoas morando naquela região, pois a estimativa de moradores é de 130 mil pessoas, mas ninguém sabe dizer quantas pessoas exatamente existem la. A saúde do Brasil tem que melhorar, mas se o povo não se ajudar, não adianta, nós trabalhadores da saúde e defensores do SUS trabalharmos que nem loucos. É como trabalhar com as mãos amarradas.